terça-feira, 30 de novembro de 2010

A Arteterapia e o Processo Criativo

Um aspecto importante quando conceituamos ou trabalhamos com Arteterapia é o processo criativo, visto que, através dos trabalhos plásticos durante o desenvolvimento do trabalho arteterapêutico, o indivíduo entra em contato com seu potencial criativo, com sua capacidade de criar e transformar. Esta força criadora é inata do ser humano e surge a partir de nossa imaginação, desejos ou necessidades. Jung já falava deste impulso criador natural do ser humano a partir da expressão plástica dos conteúdos internos, de imagens do inconsciente, chamando-o de instinto criativo. “Prefiro designar a força criativa como sendo um fator psíquico de natureza semelhante a do instinto” (JUNG apud WOSIACK e BLAUTH, 2007, p. 13).
Este impulso, esta força criadora está certamente aliada à nossa sensibilidade, às percepções e às relações com o mundo interno e externo, bem como, a uma necessidade ou à receptividade que cada um tem, visto que a criatividade se revela à medida que vivenciamos este potencial e que nos abrimos para ele.

Receptivos, estamos atentos, prontos para agir. E nos momentos de inspiração, de insights, quando de repente se interligam sugestões, proposições, avaliações, emoções, e tudo se reformula, vêm-nos uma total presença de espírito e um sentimento de afirmação. Sentimo-nos ativos, e mais participantes do devir (OSTROWER, 1995, p. 19).

Com isso, ainda podemos ver a criatividade como um processo natural e espontâneo ao observar uma criança que desenha e pinta sua lousa ou seu papel de forma livre e solta, desprendida de qualquer limitação ou regra, e dizer então que a criatividade nasce a partir da liberdade de expressão, da sensibilidade e da imaginação ou do simples ato de fazer.
Neste sentido, Fayga Ostrower, em seu livro: Acaso da Criação (1995) fala sobre o processo criativo de dois grandes mestres da arte e da música como:

Wolfang Amadeus Mozart (1756-1791) - Quando estou só, inteiramente só, e de bom humor, digamos viajando numa carruagem, ou passeando depois de uma boa refeição, ou durante a noite quando não consigo dormir, é nestas ocasiões que as idéias fluem melhor e mais abundantemente. De onde vêm e como, nada sei, nem posso forçá-las.
Pablo Picasso (1880-1972) - “O importante na arte não é buscar, é poder encontrar”.

E complementa falando do acaso como um catalisador de potencialidades e de estímulos para a criatividade.

No instante mesmo em que o acaso surge em nossa atenção, já o imbuímos de conteúdos existenciais, ligando-o a certos desejos e esperanças, a uma razão íntima e plenamente significativa para o nosso ser ( OSTROWER, 1995, p. 7).

Baseado nisso podemos dizer que o maior acaso de nossas vidas é nossa própria existência, nossa própria criação e formação, logo nossas potencialidades, nosso modo de sentir e perceber o mundo e as sensações que ele nos oferece relacionando-o com os conteúdos internos que trazemos, faz-nos sair e ir em busca de outros acasos que nos tornarão seres mais capazes de criar e transformar.
Desta forma, Fayga Ostrower, considera a arte: [...] “um caminho válido para as pessoas se desenvolverem através de sua sensibilidade, conscientizarem-se e conhecerem a realidade de sua vida e a do mundo externo”(1995, p.12).

E com isso concluímos que, assim como na arte, o processo criativo é um fator de extrema importância nos trabalhos arteterapêuticos, pois auxilia no resgate e reconhecimento do potencial interno de cada um, da força criadora que todos temos, sendo capazes de transformar e modificar até mesmo a história de nossas vidas.

Este texto foi retirado da monografia:
ARTETERAPIA: UMA ATENÇÃO CRIATIVA FRENTE ÀS SINGULARIDADES HUMANAS - Autora: Josiane
que se encontra no acervo da biblioteca virtual da Universidade Feevale-
www.feevale.br

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O CAMINHO DA PAZ

Percorri caminhos
alguns, escuros e sombrios,
outros alegres e tortuosos.
Fui às entranhas da vida.
Subi e desci lugares.

Andei por espaços vazios
da solidão.
Busquei a realidade
e ao enxergar a imensidão.

Percebi que não sabia mais chorar.
Queria apenas voar.

Soltar a vergonha,
esquecer o medo,
enfrentar a culpa,
deixar o ódio ferver.

Fui até onde meus olhos seguiam,
até meu corpo adoecer.
Fugi da raiva,
perdi o caminho,
deixei a vida florescer.

Foi quando percebi
o quanto era bom viver.
Seguir a estrada
deixando-me envolver.
Sentindo a vida em meu ser.
Sem jamais precisar me esconder.
Josiane Paraboni

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

IX CONGRESSO BRASILEIRO DE ARTETERAPIA


Foi um sucesso o IX Congresso Brasileiro de Arteterapia que aconteceu em São Paulo nos dias 07 a 11 de outubro de 2010.
Com grande alegria, nós arteterapeutas, podemos ver e sentir de perto a riqueza dos trabalhos de Arteterapia que estão acontecendo em todo o Brasil e perceber o quanto a Arteterapia cresceu nesses últimos anos, principalmente nas áreas das humanas e da saúde. A regulamentação da profissão agora está na reta final e acredita-se que até 2012 já teremos nossa profissão reconhecida a nível nacional.
Parabéns Arteterapeutas pelo trabalho, dedicação e especialmente por acreditarem numa proposta de trabalho diferenciado, que beneficia a todos, independente da classe social, de patologias e de situações que surgem no decorrer da vida.
Sou feliz de ser e poder dizer que Sou Arteterapeuta!
Abraço!
Josiane Paraboni

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

RESISTÊNCIA X RESILIÊNCIA

RESISTÊNCIA
Ser resistente é bom quando essa resistência é uma força que defende o organismo do desgaste de uma doença, cansaço ou fome. Mas quando a resistência passa a ser um comportamento que vai contra mudanças, dificuldades de aceitação e reconhecimento de fragilidades, tanto dos outros como de si mesmo, ela se torna doentia e impede o crescimento pessoal. A pessoa não consegue ceder, ser flexível. No sentido original da palavra – resistência: é uma força que se opõe a outra, que não cede a outra, é rígida, incapaz de ceder. O que faz com que a pessoa resistente não saia do “ seu” mundo, não consiga perceber que faz parte de um todo.
A resistência é um bloqueio, uma força contra qualquer caminho de evolução. Além disso, dificulta a vida social, na escola, no trabalho, nos relacionamentos e na família.

RESILIÊNCIA

A Resiliência é um conceito oriundo da física, que se refere à propriedade de que são dotados alguns materiais, de acumular energia quando exigidos ou submetidos a estresse sem ocorrer ruptura. Hoje também, este termo está relacionado ao comportamento humano, ou seja, a pessoa resiliente é a pessoa que tem a capacidade de retornar ao seu equilibrio emocional após sofrer grandes pressões ou estresse ocasionado por diversos motivos como: acidente, perdas,trabalho.
A pessoa resiliente, por natureza, tem uma visão mais positiva diante da vida e dos momentos de dificuldade, lida com os obstáculos como se fossem oportunidades de crescimento e desenvolvimento pessoal.

Resistência x Resiliência

Duas palavras parecidas, porém com significados tão distintos.
E mesmo que a primeira ideia, da palavra Resistência, passe um sentido de força e de poder, a outra, a Resiliência, que parece frágil e" dobrável", é a mais importante e fundamental para a vida.

domingo, 15 de agosto de 2010

O quanto sabemos ouvir o outro?

Texto de Rubens Alves
ESCUTATÓRIA

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar... Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil. Diz Alberto Caeiro que... não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia. Parafraseio o Alberto Caeiro: Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma. Daí a dificuldade...
A gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor... Sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração..... E precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor... Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade. No fundo, somos os mais bonitos...

Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios: Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. Vejam a semelhança... Os pianistas, por exemplo, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio... Abrindo vazios de silêncio... Expulsando todas as idéias estranhas. Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos..... Pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.
Se eu falar logo a seguir... São duas as possibilidades. Primeira: Fiquei em silêncio só por delicadeza.. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado. Segunda: Ouvi o que você falou. Mas, isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou. Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou. E, assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.
Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência... E, se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras... No lugar onde não há palavras. A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia... Que de tão linda nos faz chorar... Para mim, Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: A beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto. (Rubem Alves)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

CURSO DE CREATIVIDAD Y HUMOR

Estive participando do curso de Criatividade e Humor que ocorreu em Ponte de Lima em Portugal nos dias 19 à 24 de julho. E posso dizer que foi de grande valia, pois pude observar o quanto a criatividade aliada ao humor pode ser promotora de saúde e bem-estar. Sorrir, descontrai, é um ótimo remédio, alivia a alma e aquece o coração e a vida da gente. Acredito que o riso deveria estar presente em todos os processos terapêuticos, arteterapêuticos ou psicoterapêuticos. Mas fico perguntando-me o quanto nós profissionais estamos preparados e nos dispomos também a ter uma postura mais solta e descontraída para, a partir disso, podermos auxiliar realmente o outro a rir e “ser feliz”?

sexta-feira, 9 de julho de 2010

ESPIRAL DA VIDA

RESUMO

A Espiral da vida é uma meditação ativa que trabalha: a mente, o corpo, a energia, além de comportamentos que adquirimos conforme as vivências que temos desde o nascimento e de que forma isso foi assimilado e registrado em nosso inconsciente influenciando nossa identidade, comportamentos e atitudes. O trabalho é realizado através de uma mandala humana com o objetivo de vivenciar o autoconhecimento vinculado as estruturas de caráter. É o encontrar-se e ao mesmo tempo o sair de si mesmo por meio de um novo caminho construído pelos próprios desejos, sentimentos e percepções.
Palavras-chave: Autoconhecimento. Espiral. Meditação Ativa

A idéia deste trabalho surgiu a partir do estudo de couraças, que segundo Reich, forma-se em nosso corpo conforme as vivências que tivemos desde o nascimento influenciando inconscientemente a construção de nossa identidade, personalidade, comportamentos e atitudes.
Essas couraças são formadas a partir de bloqueios energéticos gerados em função de traumas, emoções contidas, sentimentos e desejos reprimidos.
A expressão das emoções concernentes ao verdadeiro self é reprimida ao longo de toda infância. O corpo assume o comando dessa repressão através de tensões crônicas, que se tornam inconscientes e se perpetuam na adolescência e na idade adulta (VOLPI & VOLPI, 2003, p.20).
Segundo a bioenergética o ser humano possui uma natureza primária que é composta de sua essência, e outra secundária que se compõe à medida de nossas vivências e das circunstâncias que vão surgindo ao longo da vida. Essas duas naturezas também são chamadas de: verdadeiro self e falso self.
Na grande maioria das pessoas, a expressão do verdadeiro self está bloqueada, dando lugar ao que se denomina então falso self, o qual se adapta às demandas do mundo externo, ou seja, à educação moralista, e que se torna a identidade pessoal (VOLPI & VOLPI, 2003, p. 20).
Partindo desse estudo, Alexander Lowen caracterizou a influência da formação das couraças sobre as estruturas de caráter do homem, denominando especificadamente cinco tipos de estruturas de caráter: esquizóide, oral, psicopático, masoquista e rígido, que abordo nesse trabalho, baseado no livro de José Henrique Volpi e Sandra Mara Volpi, Reich: A Análise Bioenergética.
ESTRUTURAS DE CARÁTER SEGUNDO A ANÁLISE BIOENERGÉTICA
Estrutura de Caráter Esquizóide
Idade: entre zero e seis meses.
Fase: Ocular, relacionada à etapa de sustentação.
Experiência emocional básica: rejeição
Trauma: o esquizóide não se sente amado, desejado no seu corpo e no seu mundo.
Funcionamento básico: há uma desconexão com as emoções, prefere buscar a resolução dos problemas pelo intelecto. Esta desconexão também é assimilada pelo corpo aparentando assimetrias na postura corporal. A pessoa vai vivendo, de forma não intensa, sem acreditar muito na vida e nas pessoas. O aspecto geral é de enrijecimento.
Terapia e psicoterapia: auxiliar no resgate da autoconfiança fortalecendo seus limites e o funcionamento de um ego saudável, potencializando desta forma seu próprio ser.
Estrutura de Caráter Oral
Idade: entre os seis e os 18 meses.
Fase: da incorporação.
Trauma: acredita ser a criança abandonada.
Experiência emocional básica: privação.
Funcionamento básico: normalmente é aquele ser dependente ou no oposto super independente, com uma necessidade de chamar a atenção, e de receber aprovação. Sente medo da solidão, do abandono. O corpo apresenta um tônus muscular fragilizado, de pouca sustentação.
Terapia e psicoterapia: buscar a aceitação da realidade, trabalhando as raivas e os medos, desenvolvendo sua própria sustentação.
Estrutura de Caráter Psicopático
Idade: entre um ano e meio e dois anos de idade.
Fase: anal
Trauma: sedução e invasão pelo genitor do sexo oposto.
Experiência emocional básica: sedução.
Funcionamento básico: um comportamento manipulador e controlador, nega seus próprios sentimentos e o dos outros. Sua postura corporal apresenta um peito inflado, olhos controladores. Possui um medo de perder o controle, compensando o medo na auto-elevação e afirmação de si mesmo.
Terapia e psicoterapia: trabalhar a conscientização de um ser que faz parte de um todo, de uma humanidade, reconhecendo sentimentos, valores e fragilidades.
Estrutura de Caráter Masoquista
Idade: um ano e meio e dois anos e meio de idade.
Fase: anal (retentiva), que corresponde à etapa da produção.
Trauma: é a criança submetida, vencida, com uma mãe que sufoca que exige a troca do amor pela obediência.
Experiência emocional básica: humilhação.
Funcionamento básico: normalmente o masoquista aparenta ser agradável com um comportamento passivo. Sua raiva contida se transforma em reclamações e sofre de uma pressão interna pela sobrecarga que leva. Em função disso, apresenta um corpo entroncado com uma respiração de cansaço.
Terapia e psicoterapia: desenvolver a auto-expressão criativa e a auto-afirmação, o dizer não e a permissão de sua própria felicidade.
Estrutura de Caráter Rígido
Idade: entre os quatro e seis anos de idade.
Fase: fálica, que corresponde à etapa de identificação.
Trauma: rejeição sexual, sentida como traição.
Experiência emocional básica: traição.
Funcionamento básico: o rígido sente um medo de ser rejeitado prefere não se envolver amorosamente para não sofrer, há uma negação de sentimentos em relação ao outro. Cria então uma auto-valorização do seu próprio corpo através da performance. Seu corpo aparenta ser forte como uma armadura, inconscientemente para não se deixar envolver e sofrer.
Terapia e psicoterapia: trabalhar questões de autocontrole, possibilidades de criar vínculos voltando-se para novos desejos, sentimentos e relações.
Assim, tendo em vista esta relação, entre a formação de couraças e as estruturas de caráter, Lowen salientou a importância de vivências corporais no resgate das emoções contidas para uma mudança de estrutura de caráter.
“Se se deseja mudar o caráter, não basta falar a respeito de sensações. Elas precisam ser experimentadas e expressas. O corpo deve se libertar de suas tensões crônicas e de suas constrições, para que a pessoa sinta-se liberada do destino que representam” (LOWEN apud VOLPI & VOLPI, 2003, p. 61).
Essas vivências corporais normalmente podem ser realizadas através de movimentos com o corpo, de técnicas de respiração, do grounding e de meditação ativa. Ao praticar esses exercícios a pessoa entra em contato com sua própria energia, suas emoções, desejos e sentimentos reprimidos, desbloqueando traumas e eliminando couraças, proporcionando uma mudança de padrões de comportamento e naturalmente uma melhora na qualidade de vida.
O aumento do nível de energia, através da respiração e dos movimentos proporciona a auto-expressão e restaura o fluxo de sentimentos corporais. A atuação se dá sobre o funcionamento energético atual do indivíduo e sobre sua história de vida (VOLPI & VOLPI, 2003, p. 22).
Dentre essas práticas corporais destaca-se nesse trabalho a meditação ativa, como meio de transformação de estruturas de caráter.

MEDITAÇÃO ATIVA
A meditação ativa é a soma: do movimento, da respiração, da concentração e da contemplação de si mesmo. É um trabalho de expansão, de liberação de tensões, e ao mesmo tempo de imersão, de reflexão e de autoconhecimento que contribui para o fortalecimento de energia, para o desenvolvimento da criatividade e percepção tanto de si mesmo quanto do mundo externo.
De acordo com a musicoterapeuta, Isabel Dreyfuss:
“Meditar aprofunda o conhecimento que temos de nós mesmos; é uma ferramenta para expressar as emoções e para entrar em contato com quem somos de verdade” (www.escoladarainha.com.br, acesso em: 14 de abril de 2010).
Com isso, a proposta da meditação ativa em forma de espiral proporciona trabalhar aspectos do inconsciente, como: o principio da vida, o movimento, as relações, o sair em busca de si mesmo e de novas aspirações e comportamentos. A dinâmica da espiral representa simbolicamente, a dinâmica do universo: a roda do tempo, os ciclos, o andar, o parar e o recomeçar.
Com base nas palavras de Lowen:
A vida não é uma operação passiva. Um organismo tem de se abrir e sair em busca daquilo que precisa para poder obtê-lo (LOWEN, 1975, p. 116).
Desta forma, acredita-se que a meditação ativa da Espiral da Vida possa ser um meio da pessoa criar este movimento, buscar-se e se autoconhecer tomando consciência de si mesmo e de sua relação com o mundo externo fazendo um novo registro e mudando até mesmo, o rumo de sua história.
REFERÊNCIAS:
VOLPI, J. H. & S. M. Reich: a análise bioenergética. Curitiba: Centro Reichiano, 2003.
LOWEN, Alexander. Bioenergética. São Paulo: Summus, 1982.
DREYFUSS, Isabel. Meditação. Disponível em: www.escoladarainha.com.br. Acesso em: 14 de abril de 2010.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

TEIA DO UINIVERSO

ENTRE O CÉU E A TERRA
EXISTEM MUITAS COISAS
ALGUMAS BOAS, OUTRAS RUINS
ALGUMAS EXPLÍCITAS, OUTRAS OCULTAS
ALGUMAS TOCAMOS, OUTRAS NEM QUEREMOS OLHAR

E ENTRE ESSE CÉU E ESSA TERRA
É QUE VAMOS FORMANDO NOSSA TEIA DA VIDA
E A VAMOS LIGANDO A TEIA MAIOR
QUE É ESTE UNIVERSO A NOSSA VOLTA

CONSTRUÍMOS ESTA TEIA
ATRAVÉS DE NOSSAS AMIZADES,
AMORES, AFINIDADES, E DECEPÇÕES...

SÃO OS CAMINHOS QUE LEVAM
A OUTROS CAMINHOS
E POR ESSES CAMINHOS VAMOS NOS ENCONTRANDO,
ORA AMANDO, ORA ODIANDO
ORA SORRINDO, ORA CHORANDO
SÃO OS OPOSTOS QUE DÃO SENTIDO A NOSSA VIDA

E O QUE REALMENTE IMPORTA...
É SABER QUE FAZEMOS TODOS PARTE DESTA MESMA HISTÓRIA.

terça-feira, 18 de maio de 2010

O Arquétipo das Deusas

De acordo coma teoria Junguiana, as Deusas são arquétipos, fontes primordiais dos nossos padrões femininos de pensamentos, sentimentos e instintos. Quando a energia de uma deusa desponta em nossa vida, um grande rebuliço se instala no interior da mulher, Um tempo de transformação é vivenciado. Momentos de mudança e de revisão de antigos padrões expressam a necessidade de redimensionar sentimentos e percepções.

ARTEMIS: filha de Zeus e de Latona(leto), Ártemis é a irmã gêmea de Apolo. Virgem severa e vingativa, indomável, aparece na mitologia como o oposto de Afrodite. Protetora, embora temível, por vezes, Ártemis reina igualmente sobre o mundo humano, onde preside ao nascimento e desenvolvimento dos seres.Dela fizeram uma Deusa Lunar, vagando como a Lua e brincando com as montanhas, ao passo que seu irmão gêmeo, Apolo, tornou-se um deus solar. Ártemis também está ligada ao ciclo de símbolos da fecundidade. Ártemis, uma deusa da natureza, em sua forma virgem ou indomada. Permanece próxima dos animais e da caça. Rege a vida dos instintos. Enfatiza o corpo e se volta às atividades físicas. É muito prática em suas ações. Não tem um companheiro ou um amante, está mais propensa a trabalhar na solidão. Gosta de viver perto da terra. Preciso de um estilo de vida independente. O casamento não é algo que busque, mas será tolerado se sua liberdade for respeitada. Aos olhos de certos psicanalistas, Ártemis simbolizaria o aspecto ciumento, dominador e castrador da mãe.

ATENA: deusa da fecundidade e da sabedoria; virgem, protetora das crianças; guerreira, inspiradora das artes e dos trabalhos da paz. Rege tudo que se relaciona com a civilização: a tecnologia, a ciência, as artes literárias, a educação e a vida intelectual. Para a mulher moderna, guia todos os aspectos de sua profissão. Seu lado sombra se expressa na executiva bem-sucedida que dedica o tempo todo ao trabalho deixando de lado as relações afetivas. Ela concretiza, possuindo a balança e avaliando o que realmente importa, podando as arestas. Não está preocupada com um companheiro ou amante. É extrovertida e gosta de atuar com parte em um grupo de colegas. Relaciona-se com um homem com quem possa compartilhar ideais, ambições, metas profissionais e lutas.

DEMÉTER: ocupa o centro dos mistérios iniciáticos de Elêuisis, que celebram o eterno recomeçar, o ciclo das mortes e dos renascimentos, no sentido, provável de espiritualização progressiva da matéria. Ela dá a luz a Perséfone, filha única, que foi raptada por Hades, e se tornou rainha dos infernos. Démeter vai aos infernos em busca da filha perdida. Mãe e filha são representadas na arte como unidas por uma ternura igual. Deméter se revela como deusa das alternâncias entre a vida e a morte, que marcam o ritmo das estações, o ciclo da vegetação e de toda a existência é a deusa da maternidade e de tudo relacionado aos ciclos de reprodução. Simboliza a profunda ligação com os ciclos dos alimentos e do crescimento. Sua energia material muito abundante. Reserva o amor para os seus filhos, com abnegação e generosidade. Segundo a interpretação psicanalítica de Paul Diel(DIES, 197), Perséfone seria o símbolo supremo do recalcamento; e os sentido oculto dos mistérios de Elêusis consistiria na descida ao subconsciente a fim de libertar o desejo recalcado( a fim de buscar a verdade sobre si mesmo)o que pode ser a mais sublime das realizações.

AFRODITE: filha do semên de Urano( o céu) derramado no mar, após a castração do Céu por seu filho Cronos( daí a lenda do nascimento de Afrodite, que surge do mar). Rege o amor e a eroticidade. Tudo relacionado à sexualidade e à relações pessoais. É a Deusa da beleza e das artes visuais. Rege a inspiração artística e o contato criativo entre os sexos. Seu lado sombra emerge nos mistérios que suscita, por estar coberta de véus. Ama o homem adulto, de forma a ser extrovertida. Sente-se feliz com relacionamentos múltiplos, mas irá casar-se conforme lhe vier. Atrai homens criativos. Admira a virilidade em um homem e seu espírito de combate.

HERA: Um dos enfeites habituais de Dioniso, verde em todas as estações, ela simboliza a força vegetativa e a persistência do desejo.É a rainha dos céus , portanto, ocupa-se do poder e da governança. Ela rege o casamento, o companheirismo e todas as funções públicas de liderança. Extremamente preocupada com a moralidade social e com a preservação da integridade na família. É extremamente forte e, pode ser considerada como a suprema extrovertida. Quer que seu homem seja sócio e companheiro.

PÉRSEFONE: filha de Zeus e Démeter, como já vimos ela representa a alternância das estações, pois passava 3 estações no inferno e uma na terra. Por isso, rege todos os contatos com o mundo avernal- o mundo espiritual dos mortos. Está em contato com poderes transpessoais superiores. Rege a mente inconsciente mais profunda, o mundo onírico e tudo que se relaciona com fenômeno psíquico. Conhece os mistérios que ninguém conhece. Tem dificuldade em entrar em contato com a realidade. Sua intuição permanece tão viva que as concretizações tornam-se assertivas.

HÉSTIA: é o arquétipo da sábia virgem. É a Deusa das lareiras. Rege a perpetuação do fogo sagrado tanto o lar como o templo, ficava santificado com a sua entrada. Ela era: “uma presença espiritual como fogo sagrado que proporcionava iluminação, calor e aquecimento para o alimento (Bolen, 19990, p.158) Héstia rege a ação das mulheres nos afazeres domésticos, colocando ordem e harmonia no aconchego do lar. Através destas atividades a mulher pode adquirir um sentimento de harmonia interior, estando assim, em comunicação com o arquétipo da Héstia. No templo desenvolve a comunicação religiosa, cultivando o silêncio e o estado de meditação.
Ref. Bibliográfica:
ARCURI, Irene(Org.). Arteterapia de Corpo e Alma. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.- (Coleção Arteterapia)
CHEVALIER, Jean e GHEERBRANT, Alain. Dicionário dos Símbolos. 14 ed.- Rio de Janeiro: Jose Olympio, 1999.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

ALMA BENDITA

Minha alma tem sede de busca.
De busca tem sede minha alma.
Ela não se cansa.
Perpetua.
Insaciável é sua sede.
Uma luta sem fim.
Uma história sem começo.

Fugaz é a minha alma.
Nela repousa meu coração.
Se cala, mas reclama.
Grita, mas continua calada.
Busca, chama.
Pede por socorro.
E não descansa.

Corre, voa.
Vai até onde pode.
Chora, sorri.
Se esconde.
Sua natureza é essa.
Sua força é essa.
Até onde vai... Alma bendita?
Josiane Paraboni Outubro/07

FRASES DE JUNG

Todos nós nascemos originais e morremos cópias.
Carl Jung

domingo, 25 de abril de 2010

A Importância do Trabalho Coproral no Processo Arteterapêutico

Nosso corpo revela nossa personalidade, guarda memórias e expressa nossas vontades e desejos. É a forma de expressão mais pura e verdadeira daquilo que trazemos, pensamos e sentimos no decorrer de nossas vidas, como a tela de um filme onde ficam gravadas nossas experiências, vivências, nossa história.

Segundo Reich, formamos couraças musculares a partir das experiências e traumas que vamos vivendo, enrijecendo nosso corpo e gerando bloqueios, impedindo que a energia flua naturalmente, diminuindo em consequência disso, nossa energia vital.

A diminuição da oxigenação nos tecidos por sua vez, leva a estase energética, mantenedora da tensão que mais tarde torna-se inconsciente e perpetua a neurose. Estase – termo utilizado por Reich e adotado por seus seguidores – implica numa redução da circulação sanguínea que altera a oxigenação nos tecidos, enrijecendo-os e gerando bloqueios. É o processo inicial do que Reich chamou de encouraçamento.(VOLPI, 2003,p.15)

Contudo, na medida em que nos vamos trabalhando, nos conhecendo melhor e tomando uma maior consciência corporal de nós mesmos, eliminamos as couraças e deixamos o corpo seguir seu fluxo de energia livremente. Este processo faz parte do autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, onde a pessoa busca a si mesma, valorizando-se e cuidando do próprio corpo, reintegrando o seu próprio ser à totalidade: corpo, mente, energia e espírito. Segundo Lola Brikman,

O movimento constitui uma unidade orgânica de elementos materiais e espirituais que se integram numa totalidade.


(...) sua prática leva à manifestação da personalidade, a um conhecimento e uma consciência mais completos, para fora e para dentro de si mesmo e, enfim, a uma comunicação fluida, capaz de promover uma profunda transformação da atitude básica da personalidade.( BRICKMAN, 1989,p.16)

Desta forma, para que aconteça este processo de busca, de autoconhecimento e de desenvolvimento, é que o trabalho de arteteterapia vem a contribuir aliado à diversas técnicas corporais, normalmente utilizadas, durante o trabalho arteterapêutico, para que a pessoa saia do processo extremamente racional em que está, logo que chega para o atendimento, e passe para um estado maior de relaxamento e consciência corporal, deixando vir à tona no momento da expressão plástica expressiva: sentimentos, sensações e desejos que estão no inconsciente, como um verdadeiro espelho da alma, onde é refletido o conteúdo interno que está mais latente no íntimo de cada pessoa. Jung já dizia que através da expressão destes registros e conteúdos, é que podemos nos ver e nos perceber de forma diferente, retirando nossas máscaras e nos conscientizando de quem realmente somos.

Algumas das técnicas corporais que podem ser utilizadas junto ao trabalho de arteterapia são: relaxamento, yoga, biodança, expressão corporal e as brincadeiras infantis. Cada uma dessas técnicas exerce uma determinada função que seja melhor para cada caso ou situação.

O relaxamento aliado à respiração provoca um enorme bem estar, proporcionando paz e equilíbrio interno, trabalhando questões emocionais e psíquicas de uma forma tranquila e saudável.

A prática de posturas no Yoga, chamadas asanas, traz um equilíbrio físico e mental, proporcionando uma sensação de paz e leveza no corpo. De acordo com Irene Arcury, psicóloga e arteterapeuta:

Essa imobilidade corporal provoca um silêncio mental ampliando a consciência de si mesmo proporcionando um efeito extremamente calmante. (ARCURY, 2006, p.88)



A biodança e a expressão corporal promovem um contato maior consigo mesmo, expressando através do corpo: vontades, desejos, idéias e pensamentos.

Ao dançarmos, recriamos o mundo abrimos novas possibilidades, sentimos prazer e gratidão por ter nosso veículo. (ARCURY, 2006, p.90)

As brincadeiras infantis resgatam nossa criança interior resgatando a alegria de viver, nos levando de volta ao mundo da imaginação e da criatividade.

Por meio das brincadeiras, reeditamos nossa vida de forma
prazerosa. (ARCURY, 2006, p. 91)


Assim como as técnicas corporais exercem determinada função durante o processo de busca e autoconhecimento, na arteterapia, as técnicas expressivas plásticas como: o desenho, a pintura, a mandala, a argila e a colagem também desenvolvem determinado papel.

O desenho e a pintura, através dos gestos e das cores possibilitam a reestruturação do mundo interno, pois trabalha o concreto, a ação e a percepção. A pessoa expressa o que está sentindo, revelando formas, desejos e conteúdos do inconsciente, revelando-se a si mesmo, e possibilitando, uma sensação de descarga de energia, por sair do plano excepcionalmente mental indo para o concreto. Promovendo a liberdade de expressão e a revelação do próprio ser.

A mandala reorganiza nossa psique relaxando nossa mente, trazendo equilíbrio interno.

Ao pintar mandalas, a mente entra em um estado de relaxamento no qual as experiências traumáticas, os medos e as tensões podem ser transformados; seu efeito tranqüilizante concentra as energias.
( ARCURY, 2006,p. 85)

O trabalho com a argila promove uma experiência tanto tátil quanto sinestésica, pois ao seu contato, a pessoa busca sensações, modelando e expressando vivências e conteúdos internos.

A colagem permite simbolicamente a reconstrução de algo novo, o desfazer e o refazer, resignificando de uma forma simbólica, a própria vida.

Partindo desta prática e estudo, posso concluir que o trabalho corporal e a arteterapia formam juntos um grande elo no processo de busca, de autoconhecimento e transformação pessoal, pois, como já mencionamos, à medida que deixamos vir à tona conteúdos, memórias e registros internos, tomamos consciência de que o nosso corpo faz parte de um todo, e de quem realmente somos. Modificando assim, nosso dinamismo psíquico, proporcionando uma mudança interna de paradigmas e comportamentos, gerando a transformação e reestruturação do próprio ser.


BIBLIOGRAFIA:


BRIKMAN, Lola. Tradução de Beatriz a. Cannabrava. A Linguagem do movimento corporal. São Paulo: Summus, 1989.

ARCURY, Irene Gaeta. Memória Corporal: o simbolismo do corpo na trajetória da vida. 2ed. São Paulo: Vetor, 2006.

VOLPI, José Henrique. VOLPI, Sandra Mara. Reich: a análise bioenergética. Curitiba: Centro Reichiano, 2003.


Josiane Paraboni-RS - Artigo publicado nos anais do Congresso de Psicoterapia Corporal de Curitiba/2009 - www.centroreichiano.com.br

quinta-feira, 8 de abril de 2010

TRANSFORMANDO O ABISMO

O mundo está caótico
Vivendo a beira do abismo
Pegamos o caminho errado
Provocamos o suicídio

E agora? Qual o melhor caminho a tomar?
Seguir em frente e pular.
Ou dar a volta e reconsiderar.

Reconsiderar???
E por onde começar?
Que tal primeiro relaxar.
Transformar o abismo
Num lindo lugar para meditar.

Olhar o sol e contemplar.
Tirar o tempo e se amar.
Ouvir, escutar, sentir e tocar.
O homem parece ter perdido seus sentidos.
E até mesmo seu próprio olhar.
Respirar? Nem havia percebido....que é preciso, para então poder...
Caminhar...
Viver...
Amar...
Sorrir...
Chorar...

Palavras tão simples mas que dão sentido a vida.
Trazem Esperança... Liberdade... e Paz!
Josiane Paraboni

quinta-feira, 1 de abril de 2010

SER CRIATIVO


Para compreendermos a criatividade basta olharmos uma criança colorindo sua louza ou seu papel, ela pinta e desenha de forma livre, solta, desprendida de qualquer limitação ou regra. Seu processo é espontâneo e autêntico. Assim, podemos pensar que a criatividade nasce da liberdade de expressão, da sensibilidade do “ser” ou do simples fazer. WOLFGANG AMADEUS MOZART (1756-1791), já dizia: “Quando estou só, inteiramente só, e de bom humor, digamos viajando numa carruagem, ou passeando depois de uma boa refeição, ou durante a noite quando não consigo dormir, é nestas ocasiões que as idéias fluem melhor e mais abundantemente. De onde vêm e como, nada sei, nem posso forçá-las”. E segundo PABLO PICASSO (1880-1972): “O importante na arte não é buscar, é poder encontrar”. Fayga Ostrower, fala do acaso como um catalisador de potencialidades e de estímulos para a criatividade. O maior acaso de nossas vidas seria nossa própria existência, logo nossas potencialidades, nossa modo de sentir e perceber o mundo e as sensações que ele no oferece relacionando-o com os conteúdos internos que trazemos. O “ser” criativo é a soma da sensibilidade, da imaginação, da intuição, da singularidade de cada pessoa aliada à necessidade e a receptividade, pois, quanto mais se abre o canal da criatividade, mais estaremos abertos a novas possibilidades. A criatividade é tornar visível o invisível, é criar um diálogo entre real e o abstrato.

sexta-feira, 26 de março de 2010

A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO CORPORAL NO PROCESSO ARTETERAPÊUTICO


CORPO EM SEGREDO

Meu corpo guarda segredos
nele se escondem
minhas verdades,
meus desejos.

Minhas mãos contam histórias
e meus pés a trajetória.
Minha mente revela
o que guardo na memória.

Meu corpo é obra criada
da criatura mais elevada,
por isso carrego nele
das coisas mais puras às sagradas.

Mas mesmo assim
sou imperfeito.
Levo comigo dores no peito.
E me mostro à humanidade,
quando careço de afetividade.

É dura então ver caída a máscara.
E enxergar a realidade.
É nesta hora que me apresso
em buscar minha identidade.

Josiane Paraboni

Nosso corpo revela nossa personalidade, guarda memórias e expressa nossas vontades e desejos. É a forma de expressão mais pura e verdadeira daquilo que trazemos, pensamos e sentimos no decorrer de nossas vidas, como a tela de um filme onde ficam gravadas nossas experiências, vivências, nossa história.

Segundo Reich, formamos couraças musculares a partir das experiências e traumas que vamos vivendo, enrijecendo nosso corpo e gerando bloqueios, impedindo que a energia flua naturalmente, diminuindo em consequência disso, nossa energia vital.

A diminuição da oxigenação nos tecidos por sua vez, leva a estase energética, mantenedora da tensão que mais tarde torna-se inconsciente e perpetua a neurose. Estase – termo utilizado por Reich e adotado por seus seguidores – implica numa redução da circulação sanguínea que altera a oxigenação nos tecidos, enrijecendo-os e gerando bloqueios. É o processo inicial do que Reich chamou de encouraçamento.(VOLPI, 2003,p.15)

Contudo, na medida em que nos vamos trabalhando, nos conhecendo melhor e tomando uma maior consciência corporal de nós mesmos, eliminamos as couraças e deixamos o corpo seguir seu fluxo de energia livremente. Este processo faz parte do autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, onde a pessoa busca a si mesma, valorizando-se e cuidando do próprio corpo, reintegrando o seu próprio ser à totalidade: corpo, mente, energia e espírito. Segundo Lola Brikman,

O movimento constitui uma unidade orgânica de elementos materiais e espirituais que se integram numa totalidade.


(...) sua prática leva à manifestação da personalidade, a um conhecimento e uma consciência mais completos, para fora e para dentro de si mesmo e, enfim, a uma comunicação fluida, capaz de promover uma profunda transformação da atitude básica da personalidade.( BRICKMAN, 1989,p.16)

Desta forma, para que aconteça este processo de busca, de autoconhecimento e de desenvolvimento, é que o trabalho de arteteterapia vem a contribuir aliado à diversas técnicas corporais, normalmente utilizadas, durante o trabalho arteterapêutico, para que a pessoa saia do processo extremamente racional em que está, logo que chega para o atendimento, e passe para um estado maior de relaxamento e consciência corporal, deixando vir à tona no momento da expressão plástica expressiva: sentimentos, sensações e desejos que estão no inconsciente, como um verdadeiro espelho da alma, onde é refletido o conteúdo interno que está mais latente no íntimo de cada pessoa. Jung já dizia que através da expressão destes registros e conteúdos, é que podemos nos ver e nos perceber de forma diferente, retirando nossas máscaras e nos conscientizando de quem realmente somos.

Algumas das técnicas corporais que podem ser utilizadas junto ao trabalho de arteterapia são: relaxamento, yoga, biodança, expressão corporal e as brincadeiras infantis. Cada uma dessas técnicas exerce uma determinada função que seja melhor para cada caso ou situação.

O relaxamento aliado à respiração provoca um enorme bem estar, proporcionando paz e equilíbrio interno, trabalhando questões emocionais e psíquicas de uma forma tranquila e saudável.

A prática de posturas no Yoga, chamadas asanas, traz um equilíbrio físico e mental, proporcionando uma sensação de paz e leveza no corpo. De acordo com Irene Arcury, psicóloga e arteterapeuta:

Essa imobilidade corporal provoca um silêncio mental ampliando a consciência de si mesmo proporcionando um efeito extremamente calmante. (ARCURY, 2006, p.88)



A biodança e a expressão corporal promovem um contato maior consigo mesmo, expressando através do corpo: vontades, desejos, idéias e pensamentos.

Ao dançarmos, recriamos o mundo abrimos novas possibilidades, sentimos prazer e gratidão por ter nosso veículo. (ARCURY, 2006, p.90)

As brincadeiras infantis resgatam nossa criança interior resgatando a alegria de viver, nos levando de volta ao mundo da imaginação e da criatividade.

Por meio das brincadeiras, reeditamos nossa vida de forma
prazerosa. (ARCURY, 2006, p. 91)


Assim como as técnicas corporais exercem determinada função durante o processo de busca e autoconhecimento, na arteterapia, as técnicas expressivas plásticas como: o desenho, a pintura, a mandala, a argila e a colagem também desenvolvem determinado papel.

O desenho e a pintura, através dos gestos e das cores possibilitam a reestruturação do mundo interno, pois trabalha o concreto, a ação e a percepção. A pessoa expressa o que está sentindo, revelando formas, desejos e conteúdos do inconsciente, revelando-se a si mesmo, e possibilitando, uma sensação de descarga de energia, por sair do plano excepcionalmente mental indo para o concreto. Promovendo a liberdade de expressão e a revelação do próprio ser.

A mandala reorganiza nossa psique relaxando nossa mente, trazendo equilíbrio interno.

Ao pintar mandalas, a mente entra em um estado de relaxamento no qual as experiências traumáticas, os medos e as tensões podem ser transformados; seu efeito tranqüilizante concentra as energias.
( ARCURY, 2006,p. 85)

O trabalho com a argila promove uma experiência tanto tátil quanto sinestésica, pois ao seu contato, a pessoa busca sensações, modelando e expressando vivências e conteúdos internos.

A colagem permite simbolicamente a reconstrução de algo novo, o desfazer e o refazer, resignificando de uma forma simbólica, a própria vida.

Partindo desta prática e estudo, posso concluir que o trabalho corporal e a arteterapia formam juntos um grande elo no processo de busca, de autoconhecimento e transformação pessoal, pois, como já mencionamos, à medida que deixamos vir à tona conteúdos, memórias e registros internos, tomamos consciência de que o nosso corpo faz parte de um todo, e de quem realmente somos. Modificando assim, nosso dinamismo psíquico, proporcionando uma mudança interna de paradigmas e comportamentos, gerando a transformação e reestruturação do próprio ser.


BIBLIOGRAFIA:


BRIKMAN, Lola. Tradução de Beatriz a. Cannabrava. A Linguagem do movimento corporal. São Paulo: Summus, 1989.

ARCURY, Irene Gaeta. Memória Corporal: o simbolismo do corpo na trajetória da vida. 2ed. São Paulo: Vetor, 2006.

VOLPI, José Henrique. VOLPI, Sandra Mara. Reich: a análise bioenergética. Curitiba: Centro Reichiano, 2003.

domingo, 21 de março de 2010

LUIZ GUIDES - dezessete anos produzindo arte


Por Mara E. Weinreb
Luiz Guides, artista e residente do Hospital Psiquiátrico São Pedro, completou no último dia 20 de agosto de 2007, 80 anos de idade.
Data que foi devidamente lembrada pela Oficina de Criatividade, junto ao artista e sua obra.
Resistindo ao impossível, mesmo exilados, sua presença se impõe. Ir a estes tristes lugares, manicômios, periferias, alienação e esquecimento, lá temos arte em meio a incertezas e dúvidas, que se instaura no estranhamento de uma silenciosa ousadia. Buscar pelo não realizado, pela necessidade urgente de realizar, deslizar a tinta freneticamente, repetidamente, pintar e pintar até cansar, cansar o manicômio em seu torpor, de intervenções, ações... Marginal e obtuso, o artista pede um olhar desviante, que nos leva a ver de modo largo, inclusivo e questionador, onde estranhos atores passam a ser participantes, mesmo nestes tristes lugares, de exclusão e de não ser, não ser cidadão.



Assim encontramos Luiz Guides, com uma obra que joga com a surpresa e com o inusitado, provocando os sentidos e os conceitos nas artes. Com uma grafia muito particular, os signos vão compondo uma espécie de “escritura das revelações”, parafraseando Foucault (2002), quando números, círculos, flechas, cruzes e demais elementos são recobertos por azuis, verdes, violáceos ou vermelhos. Aqui texto é imagem, vertiginoso ou sonhado, por vezes, quase desaparece, retornando em outro momento, em um espaço incerto e flutuante, referido por Klee (2001), com suas diferenças próprias.



Luis Guides é morador do Hospital Psiquiátrico São Pedro de Porto Alegre, desde 1950, e um dos mais antigos freqüentadores da Oficina de Criatividade do hospital. A implantação da Oficina, no ano de1990, muito se deveu a iniciativa da psicóloga Bárbara Neubarth, seguindo a idéias de Nise da Silveira, seus freqüentadores são estimulados a se expressarem através das tintas, em um local de acolhimento e natural aceitação.
Estudando o acervo de Guides, percebemos que, inicialmente as cores surgiam sobre o papel em uma vertiginosa profusão caótica, e depois mais geométrica, com disposições retangulares. Sua arte clama por um estado atual, ou melhor, “inatual”, com uma independência entre as pinturas, ao mesmo tempo em que são preservadas relações entre si. Surgem séries de pinturas com elementos que se repetem, mas em se repetirem, produzem variações, dando às suas pinturas intensidades cromáticas únicas, que sem uma intenção consciente, revelam extensos painéis.



As disposições retangulares na obra de Guides são chamadas por Rosalind Krauss (1996) de retículas, prenderem os verdes, os azuis, como sua preciosa escritura, ao mesmo tempo em que, tornam-se linhas de fuga, estendendo-se além do suporte. Luiz Guides está entre a linha e a mancha, e se quisermos seguir literalmente Wolfflin (2000), entre o linear e o pictórico, o que nos remete a pesquisa de Ingrid Geist (2005 com os povos Huicholes da Serra Madre Ocidental do México, relacionando este processo artístico com o tema mítico “Tempo de escuridão”, o borrar e traçar sucessivamente sobre marcas visíveis são identificadas com o “tempo da luz”, que com sua aceleração é comparada a uma força desestruturante de relação tensa, e a lentidão construtiva se refere a uma potência estruturante, que reconstitui o espaço e o tempo. Assim Guides, organiza-se em retângulos e círculos, e ao encobri-los com camadas de cores obscurecem seus segredos, subterrâneos e insondáveis, preservados e protegido,s agora, dos olhares de um mundo alheio a suas ações.
Ante a folha branca observamos uma fileira numérica, iniciando com o número um e variando até chegar ao número sete, na metade inferior da folha, a seguir, divide o espaço com linhas horizontais e depois com verticais, por vezes coloca círculos e espirais nos retângulos inferiores, e por vezes os distribui por todos os retângulos. Esta disposição geométrica recebe cruzes, flechas e pequenos riscos sobre as linhas que dividem os espaços do papel. Sua mão parece deslizar, tomando meia distância do pincel, como uma dança, ou melhor, com passos e compassos musicais. Suas pinceladas começam a surgir, como que sabendo o rumo a tomar, firmes e determinadas segue até alcançar a finalização. Dando-se por satisfeito, Luiz levanta-se e fica por alguns instantes em pé, junto ao cavalete, em silêncio mostra-nos que está pronto para voltar à sua unidade, quando não é o caso, sinaliza que deseja mais uma folha, e recomeça outra vez. Estas etapas vêm se repetido por anos, como um gesto ritual, com pequenas variações. Ante a estes processos de relações inconscientes podemos falar de uma desrazão que irrompe os limites de uma loucura, que agora não tem vez.



Vemos nossa proposta como uma denuncia de um mal-estar, um mal-estar que desacomoda e instiga este olhar à margem. Rompem-se as certezas de um mundo cada vez mais globalizado, ou mundializado, que devora os produtos e narrativas locais, realocando-os em lugares de consumo, esta visão sobre as periferias marginais tem aumentado à medida que acontece uma tendência à homogeneização. Agora, destes estranhos territórios, entremeios, lugares possíveis, margens, entre muros não consagrados, uma produção artística avança, ousando por campos já semeados, e hierarquizados, negociando sua diferença, ao interagir com processos contemporâneos em arte, compondo narrativas no espaço do manicômio que lhe serve de suporte, ateliê e acervo, pleno de sentido.
Referências:
• FOUCAULT, Michel. Isto não é um cachimbo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
• KLEE, Paul. Sobre a arte moderna e outros ensaios. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
• KRAUSS, Rosalind. La Originalidad de la vanguardia y otros mitos modernos. Madrid: Alianza, 1996.
• www.visio.fr. Ingrid Geist: El tiempo de la oscuridad: borrar y trazar lo visible, vol. 7, no 3-4.2005.
• WOLFFLIN, Henrich. Conceitos fundamentais da História da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
Mara E. Weinreb é psicóloga e especialista em Psicoterapias Humanísticas Existenciais pela PUCRS.
Mestre e doutora em História, Teoria e Crítica da Arte, no Instituto de Artes da UFRGS.
Atualmente realiza pesquisa junto ao acervo do artista Luiz Guides. Docente da Feevale.
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segunda-feira, 8 de março de 2010

MITOLOGIA EM NOSSAS VIDAS




A mitologia como a própria palavra nos parece dizer, não é algo tão arcaico e distante de nós, ela continua viva no dia a dia de nossa vida quer tenhamos consciência dela ou não, pois, sempre que queremos nos tornar um herói, uma princesa ou qualquer personagem mitológico inconscientemente, dissolvemos num arquétipo, uma identidade maior do que nós mesmos. Essas estruturas míticas, ou arquetípicas, como podem chamar são as que muitas vezes, dão origem aos nossos valores, pontos de vista, emoções e comportamentos.
E embora, não tenhamos esta consciência, os mitos aparecem mesmo assim, de diversas formas, seja:

1. numa experiência espontânea de criação de mitos: como num sonho, numa idéia ou pensamento;
2. em nossos sentimentos, pois os mitos estão guardados em nosso corpo, numa projeção ou numa situação que já parece ter acontecido;
3. por meio de um sistema de crenças: “Há um Deus terno que cuida de mim”;
4. num problema de relacionamento ou de socorro: “ Meu herói”;
5. em padrões de comportamento inconscientemente ritualizado ou repetitivo como nos melodramas, por exemplo.

Segundo Jung, o mito pode ser considerado Universal, quando surge do inconsciente coletivo, ou seja, de conteúdos arquetípicos herdados da humanidade, e Pessoal, quando aparece de imagens do inconsciente pessoal, ou seja, de conteúdos que registramos e trazemos desde o nosso nascimento.

Como podemos ver, a mitologia está muito presente em nós, podendo vir especialmente à tona nos trabalhos de Arteterapia, já que por muitas vezes, imagens mitológicas aparecem de uma forma simples e espontânea durante as atividades arteterapêuticas.

segunda-feira, 1 de março de 2010

ATIVIDADES DA CLÍNICA CRIARSE - Atendimento Individual e em Grupo

RELAXAMENTO E MEDITAÇÃO
Objetivo: aliviar sintomas de stress, ansiedade e hipertensão através de técnicas de relaxamento.
ENCANTANDO MEU VIVER
Objetivo: relaxar, descontrair vivenciando a criança interior.
EXPRESSANDO
ATIVIDADES PARA CRIANÇAS E JOVENS
Objetivo: focalizar a energia na criatividade e na expressão.
DESENVOLVENDO O POTENCIAL CRIATIVO
Objetivo: desenvolver o autoconhecimento e a promoção pessoal.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

SEJA FELIZ!


SEJA FELIZ...
BUSQUE SEUS SONHOS, CRIE, INVENTE, TENTE.
OLHE PRA VOCÊ COM OLHOS DE DEUS:
E VEJA SEUS TALENTOS, SEU CORAÇÃO, SUAS VONTADES E VERDADES.
NÃO PERCA TEMPO NEM ENERGIA COM COISAS E PESSOAS QUE NÃO VALEM A PENA
NÃO ENTRE NESTA ENERGIA.
VIVA A SUA VIDA
FAÇA POR VOCÊ MESMO COISAS QUE LHE FAÇA FELIZ, QUE LHE DÊEM PRAZER
E VEJA O MUNDO MARAVILHOSO, AS OPORTUNIDADES, AS BENÇÃOS, A NATUREZA
ENCARE A VIDA COMO UMA VERDADEIRA OBRA DE ARTE
ONDE VOCÊ CRIA, INVENTA SUA PRÓPRIA VIDA, DESENHA, RABISCA, ERRA, FAZ DE NOVO, APRIMORA, DÁ OS DETALHES.
ENRIQUEÇA-A E SOMENTE TERMINE DE FAZÊ-LA QUANDO SEU PRÓPRIO CORAÇÃO LHE DISSER: " ESTÁ PRONTA".

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

HOMEM X IMAGEM

“O homem é este ser que se faz imagem;
O homem, é este ser que se faz das imagens;
O homem é este ser que faz as imagens”.
B. Capelier
Dentro desta perspectiva, com base na Psicologia Junguiana é que o trabalho de Arteterapia se desenvolve, a partir da expressão de imagens refletidas do inconsciente, produzidas pelo indivíduo através de diversas técnicas plásticas como: a pintura, o desenho, a argila e a colagem, na busca da construção de si mesmo, do autoconhecimento e do desenvolvimento de potencialidades internas geradoras de mudanças.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

CLINICA CRIARSE

Um espaço onde cada pessoa torna-se criador de si mesmo através do autoconhecimento e reconhecimentos de suas próprias possibilidades e talentos.