terça-feira, 18 de maio de 2010

O Arquétipo das Deusas

De acordo coma teoria Junguiana, as Deusas são arquétipos, fontes primordiais dos nossos padrões femininos de pensamentos, sentimentos e instintos. Quando a energia de uma deusa desponta em nossa vida, um grande rebuliço se instala no interior da mulher, Um tempo de transformação é vivenciado. Momentos de mudança e de revisão de antigos padrões expressam a necessidade de redimensionar sentimentos e percepções.

ARTEMIS: filha de Zeus e de Latona(leto), Ártemis é a irmã gêmea de Apolo. Virgem severa e vingativa, indomável, aparece na mitologia como o oposto de Afrodite. Protetora, embora temível, por vezes, Ártemis reina igualmente sobre o mundo humano, onde preside ao nascimento e desenvolvimento dos seres.Dela fizeram uma Deusa Lunar, vagando como a Lua e brincando com as montanhas, ao passo que seu irmão gêmeo, Apolo, tornou-se um deus solar. Ártemis também está ligada ao ciclo de símbolos da fecundidade. Ártemis, uma deusa da natureza, em sua forma virgem ou indomada. Permanece próxima dos animais e da caça. Rege a vida dos instintos. Enfatiza o corpo e se volta às atividades físicas. É muito prática em suas ações. Não tem um companheiro ou um amante, está mais propensa a trabalhar na solidão. Gosta de viver perto da terra. Preciso de um estilo de vida independente. O casamento não é algo que busque, mas será tolerado se sua liberdade for respeitada. Aos olhos de certos psicanalistas, Ártemis simbolizaria o aspecto ciumento, dominador e castrador da mãe.

ATENA: deusa da fecundidade e da sabedoria; virgem, protetora das crianças; guerreira, inspiradora das artes e dos trabalhos da paz. Rege tudo que se relaciona com a civilização: a tecnologia, a ciência, as artes literárias, a educação e a vida intelectual. Para a mulher moderna, guia todos os aspectos de sua profissão. Seu lado sombra se expressa na executiva bem-sucedida que dedica o tempo todo ao trabalho deixando de lado as relações afetivas. Ela concretiza, possuindo a balança e avaliando o que realmente importa, podando as arestas. Não está preocupada com um companheiro ou amante. É extrovertida e gosta de atuar com parte em um grupo de colegas. Relaciona-se com um homem com quem possa compartilhar ideais, ambições, metas profissionais e lutas.

DEMÉTER: ocupa o centro dos mistérios iniciáticos de Elêuisis, que celebram o eterno recomeçar, o ciclo das mortes e dos renascimentos, no sentido, provável de espiritualização progressiva da matéria. Ela dá a luz a Perséfone, filha única, que foi raptada por Hades, e se tornou rainha dos infernos. Démeter vai aos infernos em busca da filha perdida. Mãe e filha são representadas na arte como unidas por uma ternura igual. Deméter se revela como deusa das alternâncias entre a vida e a morte, que marcam o ritmo das estações, o ciclo da vegetação e de toda a existência é a deusa da maternidade e de tudo relacionado aos ciclos de reprodução. Simboliza a profunda ligação com os ciclos dos alimentos e do crescimento. Sua energia material muito abundante. Reserva o amor para os seus filhos, com abnegação e generosidade. Segundo a interpretação psicanalítica de Paul Diel(DIES, 197), Perséfone seria o símbolo supremo do recalcamento; e os sentido oculto dos mistérios de Elêusis consistiria na descida ao subconsciente a fim de libertar o desejo recalcado( a fim de buscar a verdade sobre si mesmo)o que pode ser a mais sublime das realizações.

AFRODITE: filha do semên de Urano( o céu) derramado no mar, após a castração do Céu por seu filho Cronos( daí a lenda do nascimento de Afrodite, que surge do mar). Rege o amor e a eroticidade. Tudo relacionado à sexualidade e à relações pessoais. É a Deusa da beleza e das artes visuais. Rege a inspiração artística e o contato criativo entre os sexos. Seu lado sombra emerge nos mistérios que suscita, por estar coberta de véus. Ama o homem adulto, de forma a ser extrovertida. Sente-se feliz com relacionamentos múltiplos, mas irá casar-se conforme lhe vier. Atrai homens criativos. Admira a virilidade em um homem e seu espírito de combate.

HERA: Um dos enfeites habituais de Dioniso, verde em todas as estações, ela simboliza a força vegetativa e a persistência do desejo.É a rainha dos céus , portanto, ocupa-se do poder e da governança. Ela rege o casamento, o companheirismo e todas as funções públicas de liderança. Extremamente preocupada com a moralidade social e com a preservação da integridade na família. É extremamente forte e, pode ser considerada como a suprema extrovertida. Quer que seu homem seja sócio e companheiro.

PÉRSEFONE: filha de Zeus e Démeter, como já vimos ela representa a alternância das estações, pois passava 3 estações no inferno e uma na terra. Por isso, rege todos os contatos com o mundo avernal- o mundo espiritual dos mortos. Está em contato com poderes transpessoais superiores. Rege a mente inconsciente mais profunda, o mundo onírico e tudo que se relaciona com fenômeno psíquico. Conhece os mistérios que ninguém conhece. Tem dificuldade em entrar em contato com a realidade. Sua intuição permanece tão viva que as concretizações tornam-se assertivas.

HÉSTIA: é o arquétipo da sábia virgem. É a Deusa das lareiras. Rege a perpetuação do fogo sagrado tanto o lar como o templo, ficava santificado com a sua entrada. Ela era: “uma presença espiritual como fogo sagrado que proporcionava iluminação, calor e aquecimento para o alimento (Bolen, 19990, p.158) Héstia rege a ação das mulheres nos afazeres domésticos, colocando ordem e harmonia no aconchego do lar. Através destas atividades a mulher pode adquirir um sentimento de harmonia interior, estando assim, em comunicação com o arquétipo da Héstia. No templo desenvolve a comunicação religiosa, cultivando o silêncio e o estado de meditação.
Ref. Bibliográfica:
ARCURI, Irene(Org.). Arteterapia de Corpo e Alma. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.- (Coleção Arteterapia)
CHEVALIER, Jean e GHEERBRANT, Alain. Dicionário dos Símbolos. 14 ed.- Rio de Janeiro: Jose Olympio, 1999.